segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Truques da velha política


O Sarney é uma “sucuri” de muitas tocas, esconderijos onde ele passa um tempo depois que comete uma “travessura”; ali ele fica quieto esperando a onda passar, como convém a um político passado na casca do alho.

No Senado uma das suas especialidades é promover reformas para inglês ver e desviar o foco dos debates que lhes são incômodos, caso das recentes denúncias de corrupção envolvendo políticos da base de apoio da presidente Dilma, incluindo o PMDB que Lula transformou em garupa do PT.

Quando a coisa pega patrocina animada sessão de homenagem a brasileiros ilustres, uma espécie de rota de fuga; recita um poema de Carlos Drummond de Andrade, exalta o cineasta Glauber Rocha, sua obra prima “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, exercita, enfim, a erudição de que muitos críticos desconfiam. Na verdade é um jeitinho de evitar a discussão sobre temas que colocam em xeque o velho PMDB e as velhas práticas da política; artifício para esfriar o ímpeto dos bons políticos convocando a consciência nacional para uma cruzada contra a corrupção!

Por motivos paradisíacos a toca preferida de José Sarney é a Ilha de Curupu, depois de uma boa varredura, claro, já que ali ele também gosta de conchavar. É lá que se isola quando alguma nova denúncia da imprensa investigativa ameaça sua biografia, afinal todo santo dia alguém encontra suas digitais em alguma conduta indevida no exercício dos cargos que ocupou, e continua ocupando; claro que a informação vai bater na telinha da TV, vai turbinar as manchetes dos jornais, sai nos blogs de plantão na Internet – só pra lembrar que foi o cara que indicou aquele velhinho da farra do Motel para o Ministério do Turismo, mas nega; aí dar uma sumidinha que isso faz bem, e se manda pra São Luis no jatinho do Henri Dualibe e de lá para a beira da praia – ‘Não em lombo de burro’ – como disse um pau mandado (dele) de plantão na Câmara Federal – mas voando alto em helicóptero de 16 milhões de reais do Governo do Maranhão.

Certo é que o peemedebista é notícia o tempo todo; na quarta, dia sete de setembro, lá estava ele na marcha contra a corrupção, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília; não apoiando o movimento convocado pelas redes sociais, como seria natural a um presidente do Senado Federal, terceiro na linha sucessória, mas como alvo de protesto escrito em letras garrafais: ”CONTRA SARNEY E SUA GANG”; imagino, todavia, que vai tirar isso de letra usando a blindagem que Lula lhe obsequiou durante primeiro governo do PT, e a Dilma vai segurar até o fim deste mandato – é o que parece.

Sarney não quer algemas em gente graúda, criou os atos secretos e a “governabilidade” sustentada na partilha de cargos; mete esponja nas verdades da história, defende super salário, diz que o impeachment de Collor foi um equívoco, festeja em silêncio os dois anos de censura imposta ao jornal O Estado de São Paulo! Enfim: Sarney não é um bom exemplo, mas um exemplo de mau político!

Que fosse para Curupu ou para onde bem entendesse toda vez que aprontasse, mas o fizesse com o dinheiro das suas aposentadorias milionárias, ou viajando em jatinho de algum amigo ilustre, menos mal; ruim mesmo é fazer despesas para que povo pague! Em 2008, na maior cara de pau, colocou o GTA na campanha da filha Roseana Sarney com todas as despesas descontadas do bolso do contribuinte do Amapá que só agora é informado dessa bandalheira.

O Sarney sempre foi isso aí: uma sucuri de várias tocas que só vem ao Amapá para exigir privilégios, falar potoca e pedir o voto dos eleitores. E a turma do “Fica Sarney” ainda acha que isso é pouco. Infelizmente está blindado por um esquema nada republicano, cujo prazo de validade, com a garantia dos poderosos de plantão, ainda pode ir muito dentro. Mas é bom lembrar que numa democracia de verdade nada resiste ao povo indignado.

João da Silva

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