POR EDSON SARDINHA E FÁBIO GÓIS
A mulher e o filho do ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, foram os parlamentares que mais estiveram ausentes das sessões de 2011. Mesmo tendo comparecido a apenas 20 dos 121 dias de votação, a deputada Nice recebeu R$ 470 mil
Quem pensa que o senador licenciado Edison Lobão (PMDB-MA) anda distante do Congresso, ainda não viu a mulher nem o filho dele. Ninguém faltou mais às sessões destinadas a votação na Câmara e no Senado em 2011 do que a deputada Nice Lobão (PSD-MA) e o senador Lobão Filho (PMDB-MA), suplente que ocupa a vaga do pai. É o que revela levantamento exclusivo feito pelo Congresso em Foco sobre a assiduidade dos parlamentares na Câmara e no Senado.
Desde que tomou posse, Nice Lobão participou apenas uma vez de uma votação na Câmara |
Um único voto
Reeleita em 2010, ela deu um único voto até agora: foi na terceira semana de trabalho, em 15 de fevereiro de 2011, a favor do requerimento de urgência para a votação do novo salário mínimo, de R$ 622. Nesse período de absoluta discrição, Nice recebeu R$ 470 mil apenas em subsídios. Além do salário, a deputada teve à disposição para gastar no exercício do mandato quase R$ 100 mil por mês, entre cotas parlamentares, verba de gabinete e auxílio-moradia.
Mesmo padecendo de dores crônicas na coluna e nos joelhos, motivo de suas 82 licenças médicas em 2011, ela resiste a se afastar do mandato e ceder a vaga a um suplente. Desde 2006, Nice se submeteu a três cirurgias na coluna, segundo o gabinete dela. A suplência na Câmara é definida nas urnas – ao contrário do Senado, onde muitas vezes os substitutos são escolhidos dentro de casa, como Lobão Filho.
“Ela sofre pressão de outros parlamentares e até de pessoas da família, que já a aconselharam a se licenciar. Mas ela tem apego ao trabalho e a esperança de voltar”, explica a assessoria.
Tal mãe, tal filho
Pelo segundo ano consecutivo, Lobão Filho foi o senador mais ausente - Valdemir Barreto/Senado
Sempre a postos para substituir o pai no Senado, Lobão Filho atribuiu a problemas de saúde, como a mãe, a maioria de suas ausências nas sessões deliberativas. O senador, de 47 anos, não esteve presente em 59 das 126 sessões a que deveria ter comparecido no ano passado. Foram oito faltas ainda não justificadas, 26 licenças médicas e 25 por interesse particular, único tipo que não implica ônus para os cofres públicos.
Depois de sofrer um grave acidente automobilístico em maio do ano passado, o peemedebista passou cerca de três semanas internado em uma unidade de terapia intensiva (UTI). “Foi um ano complicado, quase morri. Não me recuperei 100% até agora”, alega Lobão Filho, que diz precisar de mais 30 dias para ficar plenamente recuperado.
O senador também alega que boa parte de suas ausências foi usada para recuperação, embora não tivesse atestado médico. Diferentemente da mãe,Lobão Filho não passou 2011 em branco: vice-presidente da Comissão de Assuntos Econômicos, também integrou as comissões de Serviços de Infraestrutura, e de Ciência e Tecnologia, além do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. Ele apresentou três propostas de emenda à Constituição, cinco projetos de lei e um projeto de lei complementar. Fez um discurso em plenário.
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